A pressão para encontrar a carreira perfeita é enorme. Nos media e nos blogues o mantra “do what you love” ganhou nos últimos anos uma força inacreditável e potencialmente perigosa. O confronto com a dificuldade ou mesmo a impossibilidade de fazer apenas o que se gosta, leva a que muitas pessoas cheguem a entrar em depressão devido à frustração resultante desta constatação.
Fazer aquilo que se gosta e poder trabalhar naquilo que é a nossa vocação realmente permite um maior empenho, investimento e probabilidade de alcançar os objectivos. Contudo, nada garante que seguir um sonho seja condição natural para o sucesso. Muitas vezes, aquilo que nos preenche não é o mesmo que nos paga as contas, tal como pode não ser aquilo em que somos realmente bons. Além disso, fazer das nossas paixões o nosso emprego pode levá-las a perder o encanto. A exigência de transformar o que gostamos em dinheiro, a pressão em ter resultados e a rotina encarregar-se-ão disso.
Encontrar um trabalho com significado, que nos permita evoluir e contribuir de alguma forma para aquilo que valorizamos, um emprego que nos traga energia e que, ao mesmo tempo gere resultados, uma carreira que nos permita colocar algo de nós no que fazemos pode ser também muito gratificante. E nada impede que continuemos a investir nossa vocação, enquanto fazemos o nosso trabalho – Franz Kafka, um dos maiores autores do século XX, trabalhava na área dos seguros.
A realidade é que somos constituídos por várias camadas e nem sempre podemos fazer carreira daquela de que pretendíamos. A boa notícia é que a maioria das pessoas não tem apenas uma camada para a qual tem vocação, tem várias. Por isso, dê-lhes a todas uma oportunidade e quem sabe, descubra novas. Cultivar interesses fora daquilo que sempre pensou ser o melhor para si pode ser uma forma de encontrar paixões e talentos por explorar.